Síntese dos dias: Terça-feira, 9 e Quarta-feira, 10 de Junho de 2015 Especial Estado das Nações

Num momento em que Putin discute “valores universais” com o Papa e enquanto a tragédia grega se enrola e não desenrola, o Banco Central Europeu prepara-se para aumentar a linha de assistência de liquidez, que é como quem diz, vai injetar mais 83.000 milhões de €. Qual é o duplo efeito perverso? (1) a prerrogativa de que o sistema financeiro vive em interdependência anima o espírito dos endividados na expectativa de que “ainda há tempo” para um acordo digno, (2) mas esta miraculosa liquidez mais não é de que um presente com água no bico, pois alguém vai pagar ter de pagar a fatura, o que provavelmente acontecerá em dracmas.

Mas hoje é Dia de Portugal, por isso vamos ao que interessa: Cavaco rejeita “a descrença” e “o miserabilismo”,mas condecora o homem que em 2011 chamou assistência e o recém-falecido Mariano Gago. A injustiça? Não condecorou Sócrates, o ex-Primeiro Ministro, Mestre em Ciência Política com uma Dissertação que até deu num livro sobre Tortura e que ao regressar de Paris foi arrastado para os calabouços do Estabelecimento Prisional de Évora, sem acusação formalizada, onde permanece há meio ano e que num acto de “dignidade” e c’os raios de “coragem” recusou a meia-libertação de ir para o conforto de sua casa com pulseira eletrónica. Desta feita, a próxima revisão das medidas de coação fica lá para Setembro, altura em que os ânimos para as Legislativas vão estar a ferro e fogo. Resta-nos aguardar o grande finale desta Epopeia do séc. XXI: Será que o Mártir será libertado para triunfante glorificação da Mudança e do desdém contra o Governo mau que politizou a justiça a seu bel prazer? Ou será que, confirmada a prova fatal do crime, da prevaricação e do abuso poder do homem que conduziu o país à bancarrota, o povo se renderá a inevitável conclusão de que o caminho a seguir é o da Prudência e Responsabilidade, ao invés do despesismo que nos atirou à miséria? Seja qual for o final, uma coisa é certa: nestas Legislativas, ficamos-nos pelo reality show e o melhor mesmo é não contarmos com grandes debates para o futuro.

Foi o essencial da informação, sem os melhores comentadores da atualidade.